Aids:participação brasileira é elogiada em Moçambique
Aids:participação brasileira é elogiada em Moçambique
“Fazendo coro com minha respeitada colega, deputada Telma de Souza, do Brasil, eu também partilho das emoções conflitantes que invadiram o seu espírito quando ontem afirmava: ‘Em ocasiões como estas, duas emoções contraditórias tomam conta de mim. Uma é a angústia diante da grandeza e complexidade do problema da AIDS em nível planetário, a outra é a enorme alegria de constatar que, cada vez mais, cada vez mais numerosos e cada vez mais unidos, estamos obtendo pequenas, mas significativas vitórias nessa luta em defesa da esperança e da vida.’ Não encontro palavras tão eloqüentes para resumir e caracterizar a visão comum sobre a problemática do Aids que julgo termos alcançado ao longo destes dois dias de trabalho.”
Com essas palavras, o presidente da Assembléia da República de Moçambique, Eduardo Joaquim Erasto Mulémbwè, saudou a participação brasileira no encerramento do seminário que, entre os dias 28 e 30 de março, debateu, na capital moçambicana, Maputo, o problema do avanço da contaminação do HIV entre crianças em todo o mundo. Telma de Souza representou o Brasil na condição de coordenadora da Frente Parlamentar em HIV/Aids do Congresso Nacional.
Em suas intervenções durante o seminário, que foi promovido pela ONU, por meio da Unicef, e pela Comunidade de Países de Língua Portuguesa, Telma de Souza enfatizou considerar o avanço da Aids na infância como um problema que deve ser tratado prioritariamente em nível mundial: “Em todo o mundo são muitas as crianças afetadas pelo HIV, ou por serem soropositivas ou porque têm um parente próximo nessa condição. Estima - se que mais de um milhão de crianças em todo o mundo sejam portadoras do HIV, das quais cerca de quatro em cada dez morrem antes de completar um ano de idade. Durante os próximos dez anos, mais de 40 milhões de crianças vão perder um ou ambos os pais por causa da AIDS, principalmente em países em desenvolvimento. Em regiões com uma taxa elevada de HIV, mais de um terço das crianças ficarão órfãs.”
A deputada salientou ser preciso pressionar as indústrias farmacêuticas sobre a necessidade de se priorizarem investimentos na produção de kits de diagnóstico da doença e medicamentos apropriados de combate à Aids para crianças, de testes mais simples para detecção da doença em bebês e de aparelhos para medir a eficácia da terapia. Outra iniciativa seria uma mobilização sem precedentes, em escala mundial, para viabilizar maciços investimentos em infra-estrutura básica de saneamento, disponibilização de alimentação e melhoria de condições gerais de qualidade de vida gerais para as crianças em todo o mundo, de modo a neutralizar as condições de vulnerabilidade que contribuem para quadros críticos que predispõem a óbito.
Ações nos Parlamentos – Telma de Souza fez também um breve retrospecto sobre a atuação da Frente Parlamentar em HIV/Aids do Congresso brasileiro, que vem procurando expandir essas ações em estadual e municipal, através da criação de órgãos semelhantes nas Assembléias Legislativas dos estados e nas Câmaras de Vereadores dos municípios, aprofundando-se, assim, a luta por políticas públicas de prevenção à doença e de apoio às pessoas vivendo com o vírus.
A deputada também citou a colaboração que vem sendo desenvolvida entre o Governo do Brasil e os países africanos, em especial os de língua portuguesa, bem como a intenção do Ministério da Saúde brasileiro de ampliar cada vez mais essa cooperação. Por ter um programa nacional que se transformou em referência internacional (diversas vezes durante o seminário foram citados exemplos de êxitos alcançados por iniciativas brasileiras no setor), o Brasil, através de Telma de Souza, recebeu pedido de, quando participar da reunião do G 8 que tratará da Aids, em maio, em Moscou, o país seja portador das preocupações dos países africanos no âmbito da prevenção e combate à epidemia.
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