13/09/2005

Câmara faz homenagem póstuma ao embaixador Souza Dantas

Por iniciativa da deputada federal Telma de Souza (PT-SP), a Câmara dos Deputados vai realizar sessão solene, no próximo dia 26, às 9 horas, para prestar homenagem póstuma ao diplomata Luis Martins de Souza Dantas.  Embaixador brasileiro na França, durante a ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial, Souza Dantas foi responsável pelo fornecimento de centenas de vistos de entrada no Brasil para pessoas perseguidas pelo nazismo. “Apesar de suas atitudes heróicas e humanistas, Souza Dantas ainda não teve sua importância suficientemente reconhecida em nosso país. A homenagem que será prestada a ele no Parlamento é um passo no sentido de reverter esse quadro”, afirmou Telma de Souza, explicando o objetivo do evento. Souza Dantas respondeu pela embaixada brasileira na França entre 1922 e 1944. A ocupação alemã do território francês coincidiu com a vigência no Estado Novo de Getúlio Vargas no Brasil. Vargas governava o país com poderes ditatoriais e, no início do conflito mundial, não escondia sua simpatia pelas nações do Eixo, além da Alemanha, também a Itália e, posteriormente, o Japão. O diplomata, porém, contrariando a orientação do Estado Novo, assinou centenas de vistos de entrada no Brasil, beneficiando judeus e outras pessoas perseguidas pelo nazismo. A atuação de Souza Dantas é, com freqüência, comparada a do industrial alemão Oskar Schindler, que teve sua vida contada no cinema em “A Lista de Schindler”, filme de Steven Spielberg.  Embora tenha sido aposentado compulsoriamente em 1941 pelo governo Vargas, que abriu contra ele um inquérito administrativo, Souza Dantas permaneceu no cargo, em função das dificuldades de se nomear um substituto em  tempo de guerra. Em 1943, depois que a Alemanha ocupou a “Zona Livre” do governo colaboracionista francês de Vichy, a sede da embaixada do Brasil foi invadida por oficiais nazistas e o embaixador e seus colaboradores foram detidos e deportados para Bad Godesber, em solo alemão, onde permaneceram confinados em um hotel até o início de 1944. A delegação diplomática brasileira retornou ao Brasil naquele mesmo ano, após uma troca com prisioneiros alemães que eram mantidos em cárceres daqui. O Itamaraty lembrou de Souza Dantas dois anos depois e o convidou para chefiar a delegação brasileira na abertura da primeira Assembléia Geral das Nações Unidas, realizada em Londres entre 10 de janeiros e 14 de fevereiro de 1946. Embora o primeiro discurso da história da ONU tenha sido pronunciado pelo secretário de Estado norte-americano James Francês Byrne, coube ao representante brasileiro a palavra seguinte. Desde então, é tradição o Brasil abrir as atividades anuais da ONU. O diplomata faleceu em 1954, ironicamente, o mesmo ano da morte de Getúlio Vargas, que voltara ao poder no Brasil, dessa vez por meio do voto.

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