Em audiência pública realizada hoje (29/5) na Assembleia Legislativa de São Paulo, o secretário de Estado da Educação, Herman Voorhald, afirmou à deputada Telma de Souza (PT) que as obras em curso na Escola Estadual Cleóbulo Amazonas Duarte são, de fato, adaptações para que a unidade receba a estrutura da Diretoria Regional de Ensino de Santos. O secretário responsabilizou a Prefeitura de Santos pela situação.
Inquirido por Telma, que cobrou explicações sobre as obras iniciadas na unidade há cerca de uma semana sem que fosse dada qualquer explicação à direção local, o secretário revelou que, quando da instalação de um campus avançado da USP em Santos – que criou 10 vagas para o curso de Petróleo e Gás, em 2011 – foi firmada uma parceria entre a universidade, Prefeitura e Governo do Estado.
Pelo acordo, segundo Herman, caberia à Prefeitura dispor de um terreno ou mesmo um prédio para que a Diretoria Regional de Ensino se alojasse, na medida em que a USP se instalou no prédio anteriormente ocupado pelo órgão, no caso, a centenária Escola Cesário Bastos.
“Disse à Prefeitura, à época, que não alugo prédios, porque entendo que o dinheiro da Educação não pode ser gasto com isso. Pedi, então, a doação de um terreno. E assumiria todos os custos para a construção ou adaptação do imóvel, mas nada foi feito pelo município”, explicou Herman.
O secretário assegurou que a instalação da Diretoria de Ensino na Escola Cleóbulo Amazonas Duarte ocupará apenas parcial e temporariamente a unidade. “Preciso compartilhar e viabilizar espaços. Não me foi oferecido um espaço pela Prefeitura, então, vamos alocar (na Cleóbulo Amazonas) temporariamente, até que um prédio seja cedido”, disse.
Ao final da audiência, Telma e professores da Cleóbulo Amazonas chegaram a perguntar sobre qual seria o destino das salas já desmontadas na unidade, que acabaram com o laboratório, anfiteatro e vão fechar, também, a biblioteca, mas o secretário não respondeu.
“A resposta principal que a comunidade da Escola Cleóbulo Amazonas tanto esperava, finalmente veio. Não tem sentido o Estado promover obras sem dar nenhuma satisfação à direção da escola”, pontuou Telma que, entretanto, lamentou a ausência de respostas quanto ao laboratório, anfiteatro e biblioteca. “São espaços essenciais para uma escola que, ao que tudo indica, não serão retomados”.
Presente à audiência, a professora Rosane Gomes, que leciona na Cleóbulo Amazonas, questionou justificativa apresentada por Herman, que explicou a escolha da unidade para abrigar a Diretoria de ensino em razão do número decrescente de alunos com o passar dos anos. “O Ensino de Jovens e Adultos (EJA), por exemplo, não é mais oferecido por orientação da própria Diretoria de Ensino de Santos. Foi uma imposição, pois a demanda havia”, afirmou a educadora, contabilizando a redução de, pelo menos, cinco classes do gênero.
Histórico
As ameaças de fechamento de escolas estaduais em Santos para abrigar as instalações administrativas da Diretoria Regional de Ensino começaram ainda em 2011, com a Escola Antônio Ablas Filho. À época, o Estado estava à procura de espaços para transferir a Diretoria de Ensino da Escola Cesário Bastos, já que a USP viria a se instalar no local em fevereiro de 2012.
Mobilizados, professores e alunos pediram a intervenção de Telma, que fez uma série de questionamentos à Secretaria de Estado da Educação, até que a ideia foi abortada. Em, 2013, a nova sede da Diretoria Regional de Ensino voltou a ser notícia, desta vez porque as ameaças de fechamento recaíram sobre a Escola Cleóbulo Amazonas.